"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

sexta-feira, 18 de abril de 2014




Se calhar perdemos demasiado tempo a pensar nas palavras e a tentar ligar os significados que cada uma delas possa ter, com o contexto em que nos encontrámos.
Começo a achar que nos entregámos demais a tal e achamos que sejam capazes de dizer tudo, de explicar e expressar exatamente o que é pretendido. Mas não, acho que às vezes o sentimento é demasiado forte para sermos capazes de o passar assim. Por muito que eu adore a escrita, por muito que eu viva de algum modo da escrita, por muito que resuma e dedique parte do meu tempo a esta arte, tenho a perfeita noção de que, por vezes, pouco é o que consigo passar a quem lê.
Por vezes, também, imensas são as ideias que me ocorrem, são inúmeros os assuntos e as palavras que gostava de escrever mas não consigo. Aí o defeito é meu. É minha a incapacidade de não conseguir exatamente o que quero, mas faz parte. Por outro o problema é também de quem lê, que não consegue interpretar o que era pretendido. A mensagem que chega ao recetor é a errada, isto porque nem todos dá-mos o mesmo sentido às palavras, nem todos lhe dá-mos o mesmo e o devido valor. Não estando eu com isto a dizer que, no que diz respeito a esta matéria, sou perfeita. Eu não o sou, antes pelo contrário. Deixei até de escrever para os outros e passei a escrever para mim. Escrever porque eu percebo o que escrevo, eu sei o que escrevo, e sei o porquê de escrever, enquanto que outros não conseguem entender.
Chego a ser eu mesma o meu próprio remetente.
Optei por nunca desistir. Nunca desistir de mim! Percebi que nem sempre vale a pena a minha paciência, a minha calma e rendo-me portanto ao silêncio das minhas palavras, estas escritas em folhas de papel minhas e só minhas.
Passei a falar ao vento, ao menos esse leva a mensagem, seja ela qual for, leva as palavras, e dá-lhes o destino que quiser e, principalmente, não as trás de volta! O destino é ele que lhes dá, a minha parte é “deitar cá para fora”, como se costuma dizer.

E nós vamos ser assim. Levados por tudo e por nada mas, afinal, o que nós precisamos é de um caminho, um destino então, o vento que nos leve juntamente com o tempo. Eles que tomem conta de nós.