Se calhar perdemos demasiado tempo a pensar nas palavras e a
tentar ligar os significados que cada uma delas possa ter, com o contexto em
que nos encontrámos.
Começo a achar que nos entregámos demais a tal e achamos que
sejam capazes de dizer tudo, de explicar e expressar exatamente o que é
pretendido. Mas não, acho que às vezes o sentimento é demasiado forte para
sermos capazes de o passar assim. Por muito que eu adore a escrita, por muito
que eu viva de algum modo da escrita, por muito que resuma e dedique parte do
meu tempo a esta arte, tenho a perfeita noção de que, por vezes, pouco é o que
consigo passar a quem lê.
Por vezes, também, imensas são as ideias que me ocorrem, são
inúmeros os assuntos e as palavras que gostava de escrever mas não consigo. Aí
o defeito é meu. É minha a incapacidade de não conseguir exatamente o que quero,
mas faz parte. Por outro o problema é também de quem lê, que não consegue
interpretar o que era pretendido. A mensagem que chega ao recetor é a errada, isto
porque nem todos dá-mos o mesmo sentido às palavras, nem todos lhe dá-mos o
mesmo e o devido valor. Não estando eu com isto a dizer que, no que diz
respeito a esta matéria, sou perfeita. Eu não o sou, antes pelo contrário.
Deixei até de escrever para os outros e passei a escrever para mim. Escrever
porque eu percebo o que escrevo, eu sei o que escrevo, e sei o porquê de
escrever, enquanto que outros não conseguem entender.
Chego a ser eu mesma o meu próprio remetente.
Optei por nunca desistir. Nunca desistir de mim! Percebi que
nem sempre vale a pena a minha paciência, a minha calma e rendo-me portanto ao
silêncio das minhas palavras, estas escritas em folhas de papel minhas e só
minhas.
Passei a falar ao vento, ao menos esse leva a mensagem, seja
ela qual for, leva as palavras, e dá-lhes o destino que quiser e,
principalmente, não as trás de volta! O destino é ele que lhes dá, a minha
parte é “deitar cá para fora”, como se costuma dizer.
E nós vamos ser assim. Levados por tudo e por nada mas,
afinal, o que nós precisamos é de um caminho, um destino então, o vento que nos
leve juntamente com o tempo. Eles que tomem conta de nós.