"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013


Há uma idade em que a palavra futuro nos começa a estimular um certo interesse. Idade essa, em que o saber se sobressai no meio de qualquer outra virtude. Toda a gente nos questiona sobre o que queremos ser.
O desassossego começa mais tarde, quando a vida nos obriga a escolher, quando as decisões têm de ser tomadas, quando já é diferente. Nesses momentos sobe-me à alma uma tristeza, uma amargura. Dou conta de que em pequenos vivemos um sonho, ser criança. Este vai ser sempre um dos meus sonhos, ser criança, pelo menos por um dia.
À medida que vou crescendo sinto saudade, saudade não do ano que passou mas de quando tinha três ou quatro anos de idade. Pode-se dizer, saudade daquilo que era realmente bom. Viver sem preocupações, sem aflições.
Agora percorremos as ruas, às vezes inconscientemente, sem mesmo saber para onde vamos. O futuro parece já não ter interesse. Já passamos por tanta coisa e, hoje, algumas dessas coisas já nada ou muito pouco nos dizem. A vida diz-nos muitas vezes ‘não’ mas, em contrapartida, nós não o podemos fazer, o nosso sim continua de pé, seja essa a nossa vontade, ou não. Continuando eu, então, nessa obrigação de todos os dias dizer sim à vida, encontrei hoje, no meio de tantas outras palavras sábias uma frase que, para mim, se relaciona comigo e que, ao junta-la a este texto, serviria como uma possível justificação. Como base a este meu dilema, a frase é a seguinte: «Creio que dizer uma coisa é conservar-lhe a virtude e tirar-lhe o terror».
Deste modo, creio que sempre que confidenciamos um novo ‘sim’ à vida, devemos esquecer o “terror” que essa confirmação nos trouxe anteriormente e, simplesmente, acreditar que hoje essa palavra será melhor que o ‘sim’ de todos os dias. Vamos conservar todos os sins que esse ‘sim’ nos traz e nos pode trazer. Vamos, única e exclusivamente, conservar as “virtudes”, guardar o que de bom isso tem, o que de melhor nos dá.
Tudo isto resumido numa única frase, «O único modo de estarmos de acordo com a vida é estarmos em desacordo com nós próprios».


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