"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

sábado, 17 de março de 2012


E eu queria que fosse assim todas as noites: os nossos corpos deitados lado a lado, a minha cabeça no teu peito e aquele abraço quente e doce que vem sempre a calhar.
Aquele quarto só para nós, onde no silêncio só se ouve a tua e a minha respiração. Onde de repente, durante o abraço e o reconforto de estar ali deitada contigo, tu dizes que me amas.
Desta vez não ao ouvido mas sim num tom mais alto.
Depois disso predomina, novamente, o silêncio, e eu continuo ali, com a cabeça pousada no teu peito a ouvir as batidas do teu coração e a pensar no momento. Como era bom estar ali, assim, contigo. Sem interrupções, sem mais ninguém.
Pensar na loucura que faz com que cada momento seja perfeito e diferente. A tolice de cada pormenor, em cada minuto.
Não existia preocupação. Não havia autocarro para apanhar nem tinha de dar justificações a ninguém. Era só eu e tu e o resto era algo sem importância.
É estranho porque sempre que alguma coisa deste género nos acontece as horas passam a correr. Eu sei que olhei para o relógio e ainda não eram quatro horas, e quando, depois, tornei a olhar já eram quatro e meia. O que nos sabe bem acaba depressa. Na verdade ainda tínhamos mais tempo mas de qualquer das formas já não era muito. Já estava a acabar e essa ideia nunca me agrada nada.
Custa ser a «desmancha-prazeres» que está sempre a dizer “está na hora” ou então “é melhor irmos”. É horrível ter de me contrariar a mim mesma. Estar a gostar, mas ter de tomar a iniciativa em ir embora. Ter de ser eu a terminar com o momento, mesmo que esteja a gostar e que me esteja a saber bem.
Há alturas em que não deviam existir regulamentos nem freimas.
A partir do momento em que nos deixamos levar devíamos chegar até ao fim. Passo a passo, no nosso vagar, na nossa calma e com o nosso jeito e sempre no nosso perfeito juízo, simplesmente, deixar!

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