"Falar sem aspas, amar sem interrogações, sonhar com reticências, viver e ponto final."

domingo, 4 de março de 2012


Hoje começou um novo dia, sim mais um. Um estranho. Cheio de comemorações, sentimentos e emoções.
Hoje faz anos que partiste, e como já disse: já lá vão cinco anos, e ainda me parece que foi ontem.
Sabes? Lembro-me perfeitamente, estava um dia assim, até pior. O céu estava mais cinzento, e a chuva era mais. Hoje há qualquer coisa aí em cima que está a brilhar, e eu tenho quase a certeza que és tu!
És não és?
Eu sei que tu me estás a ver. Estás a ver-me a chorar enquanto escrevo.
Eu estou a escrever-te, e tu estás a ler desde que comecei. Eu não quero que estejas sentada ao meu lado, quero que estejas aí, porque eu sei que aí é possível, aqui não, e sinceramente é melhor para mim. Tenho medo, e tu sabes disso. Tu estás todos os dias comigo, e sabes bem o que é para mim estar sozinha em casa, e sabes porquê que isso acontece. Sabes que és tu!
Conheces-me desde pequenina, sabes perfeitamente a piegas que eu sou, a menina medricas que cresceu mas que continua a mesma cobarde de sempre. Já andas-te comigo ao colo imensas vezes, tu sabes bem, e eu sei que nem precisava de dizer nada porque tu estás atualizada de tudo e tens sido a primeira a saber das coisas. Disso eu não tenho duvidas.
Será que sentes tantas saudades como eu? Será que choras por mim, como eu choro por ti ou será que choras comigo?
Se calhar estás fartinha das minhas lamechices, de me ver a chorar, mas sabes que me custou e que me custa. Sabes que não é por ser o dia que é, mas sim por seres tu! Sabes que isto dói. Independentemente de já terem passado cinco anos não deixa de ser ‘fresco’. Parece-me tudo muito recente, as feridas não saram. E quando eu olho para ti? Quando eu olho para ti dá-me ainda mais vontade de te ter aqui.
Queres saber uma curiosidade? Aliás já te deves ter apercebido, mas deixa-me contar-te: estou completamente surpreendida com isto. Eu desde o inicio, e até mesmo antes de partires eu sabia que ia sentir muito, mas nunca pensei que fosse tanto. Era uma relação muito boa, mas podia ser ainda melhor. Eras a segurança em cada passeio, eras quem me dava a mão, quem me levava ao colo no carro só para que eu pudesse ir na janela com o meu «vira-vento». Lembras-te do lanche que fazias para nós todos, quando nos ias buscar á escola? O entusiasmo com que comíamos aquilo. Lembras-te da canção que cantavas enquanto limpavas, e fazias a tua vida de casa? Lembras-te que nós nos riamos sempre dessa canção? Fazias-nos tão bem, tão felizes!
É sempre assim, quando perdemos as pessoas é quando vemos o VERDADEIRO valor das coisas. Eu já tinha uma ideia de tudo, de tudo o que era e de como ia ser nesta ocasião, mas é sempre mais do que o que pensamos.
Eu sinto isto tudo, mas sinto que estás comigo, sempre. E estás mesmo.
És motivo suficiente para me deixar a chorar, basta dizer ou ouvir a palavra: avó.
Tu cravas-te bem a tua marca, tu tens o teu significado. Tu tens imenso de mim, tu tens o lugar. Tu és tu. Tu és o que foste até agora, tu fazes-me falta!

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